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Desvendando a balística terminal: efeitos, ferimentos e ciência

30 MAI 2025

Ao atingir o alvo, o projétil deixa de ser apenas uma massa em movimento e passa a ser agente direto de transformação física. Esse instante, estudado pela balística terminal, representa a culminância de todo o processo balístico.

É nesse ponto que energia cinética se converte em dano, e que o comportamento do projétil revela sua verdadeira eficácia — ou letalidade. A análise desse fenômeno é essencial para áreas como a medicina de trauma, a criminalística e o desenvolvimento de munições.

A dinâmica do impacto: múltiplos fatores em jogo

Os efeitos de um disparo dependem de diversos elementos simultâneos.

Do lado do projétil, contam o calibre, a massa, a velocidade, o desenho e o material. Do lado do alvo, entram variáveis como elasticidade dos tecidos, resistência óssea e disposição anatômica.

Projéteis que deformam, fragmentam ou rotacionam durante a penetração geram ferimentos mais amplos e aumentam a área de transferência de energia. Assim, cada disparo gera um tipo de trauma diferente, influenciado por todas essas características combinadas.

Três formas principais de causar lesões

A balística terminal define três mecanismos básicos que explicam a maioria dos ferimentos causados por projéteis:

  • Laceramento e esmagamento: o caminho direto do projétil rompe fisicamente tecidos e estruturas.

  • Cavitação temporária: a onda expansiva ao redor do trajeto abre uma cavidade maior que o calibre do projétil.

  • Onda de choque: propagação de pressão intensa, capaz de afetar órgãos distantes do ponto de impacto.

Tecido com baixa elasticidade, como o fígado, sofre rupturas severas quando submetido à cavitação, mesmo por projéteis de pequeno calibre.

Perfis de ferimentos: entrada, saída e avulsão

As classificações mais comuns para ferimentos por arma de fogo são:

  • Ferimentos penetrantes: o projétil permanece no corpo.

  • Ferimentos perfurantes: o projétil atravessa, gerando orifícios de entrada e saída.

  • Ferimentos avulsivos: envolvem arrancamento de tecido, ocorrendo geralmente com projéteis de alta energia.

As feridas de entrada tendem a ser mais regulares, com possíveis sinais como fuligem e tatuagem de pólvora. Já as saídas são maiores, irregulares e com mais destruição.

Disparos a curta distância podem gerar efeitos devastadores, como a formação da chamada “câmara de mina”, provocada pela expansão violenta dos gases no interior do corpo.

Comportamentos inesperados dentro do corpo

Depois de entrar no corpo, o projétil pode sofrer desvios ao encontrar ossos ou tecidos de resistência variável. Isso altera a trajetória e pode causar lesões em órgãos não previstos.

Fragmentação, mudança de direção e geração de estilhaços ósseos ampliam a área atingida. Em situações raras, projéteis ou seus fragmentos podem até migrar pela corrente sanguínea, provocando embolias de origem balística.

Utilidade prática e impacto multidisciplinar

A loja Parceria Armas, de Alegrete (RS), conclui que a compreensão da balística terminal tem aplicação direta em várias áreas. Para médicos, ela permite antecipar lesões internas e decidir rapidamente sobre intervenções.

Para peritos criminais, possibilita reconstruções detalhadas de crimes envolvendo armas de fogo. E para engenheiros e fabricantes de armamento, fornece dados sobre eficiência, penetração e efeitos colaterais.

A análise terminal do disparo é, portanto, uma ferramenta científica que auxilia tanto na justiça quanto na preservação da vida.

Para saber mais sobre balística terminal, acesse: 

https://sanarmed.com/resumo-de-balistica-forense-interna-de-efeitos-e-externa/

https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/


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