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Jovens no estande: como menores de idade podem praticar tiro legalmente

23 ABR 2025

O universo do tiro esportivo vem atraindo públicos diversos no Brasil, inclusive adolescentes e jovens que se interessam pela disciplina, precisão e concentração exigidas pela modalidade.

Mais do que um esporte de alta performance, o tiro se mostra uma poderosa ferramenta de formação de caráter, foco e autocontrole. Porém, quando se trata da participação de menores de idade, surgem questionamentos legais e práticos: é permitido por lei que adolescentes pratiquem tiro esportivo? A resposta é sim, desde que observadas as normas específicas da legislação nacional.

Neste artigo da loja Parceria Armas, de Alegrete (RS), apresentamos os principais pontos legais, os requisitos necessários para a prática por menores, os benefícios da modalidade na formação de jovens e os desafios enfrentados por famílias e instituições.

Enquadramento legal: o que dizem as normas brasileiras

A prática do tiro esportivo por menores é regulada por instrumentos legais como o Decreto nº 11.615/2023 e a Portaria nº 166 do Comando Logístico (COLOG). As permissões são definidas conforme faixas etárias, com regras bastante claras:

  • Abaixo de 14 anos: é vedada qualquer prática com armas, inclusive de pressão.

  • A partir dos 14 anos: são autorizadas atividades recreativas como airsoft e paintball, sem necessidade de Certificado de Registro (CR).

  • Entre 14 e 18 anos: é permitida a prática com armas de fogo ou de pressão, mas somente com autorização judicial e acompanhamento presencial do responsável legal.

  • Dos 18 aos 25 anos: o uso de armas é liberado mediante CR, desde que sejam armas pertencentes a clubes ou entidades de tiro.

  • Acima dos 25 anos: é permitido o uso de arma própria para treinamentos e competições.

Requisitos indispensáveis para menores entre 14 e 18 anos

A autorização para adolescentes nessa faixa etária exige o cumprimento de critérios rigorosos:

  • Decisão judicial específica, baseada em avaliação psicológica do jovem.

  • Presença obrigatória do responsável durante todas as sessões de treinamento ou competição.

  • Treinamento exclusivo em clubes registrados e autorizados pela Polícia Federal.

  • Utilização de armas pertencentes ao clube ou ao próprio responsável legal, nunca do menor.

O objetivo dessas normas é assegurar a prática segura e responsável, evitando qualquer exposição indevida ao risco.

O tiro como ferramenta de formação esportiva

O tiro esportivo é reconhecido legalmente, tanto pela Lei Pelé quanto pela Lei Geral do Esporte, como modalidade de base e de rendimento. Isso fortalece a ideia de que o ingresso de jovens na prática pode ser benéfico, inclusive para a formação de futuros atletas de elite.

Entretanto, as restrições legais à entrada precoce têm sido criticadas por entidades como a CBTE (Confederação Brasileira de Tiro Esportivo), que apontam que essas limitações dificultam a formação de talentos — algo que, em outras modalidades olímpicas, ocorre naturalmente desde a infância.

Aspectos positivos da prática para os jovens

Para além das conquistas esportivas, o tiro pode ser um importante aliado no desenvolvimento de habilidades valiosas, como:

  • Coordenação motora e controle de movimentos finos.

  • Foco intenso e gestão da atenção em situações de pressão.

  • Capacidade de autocontrole emocional e disciplina pessoal.

  • Convívio social saudável em ambiente competitivo e ético.

  • Preparação técnica para eventual carreira esportiva profissional.

Esses atributos fazem do tiro uma prática que ultrapassa os limites do esporte, influenciando positivamente a formação integral do jovem.

Critérios para escolha de um clube confiável

A escolha do local onde o adolescente praticará o esporte é fundamental. Recomenda-se observar:

  • Regularização do clube junto à Polícia Federal e ao Exército Brasileiro.

  • Infraestrutura adequada e condições seguras para o treinamento.

  • Equipe de instrutores experientes e capacitados para trabalhar com jovens.

  • Comprometimento com valores pedagógicos, éticos e de segurança.

O envolvimento familiar é essencial nesse processo, garantindo acompanhamento contínuo e diálogo com os profissionais envolvidos.

Questões jurídicas e possibilidade de exceções

Mesmo com a proibição para menores de 14 anos, existe margem para atuação judicial em casos excepcionais, com base em princípios constitucionais e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No entanto, esse tipo de autorização é incomum e enfrenta resistência do Judiciário.

Esse impasse gera debates no meio esportivo, especialmente ao se considerar que em outras modalidades olímpicas, como ginástica ou natação, o treinamento precoce é a norma e não a exceção.

Encerramento: o tiro como oportunidade segura e formativa

Embora a legislação brasileira imponha limitações, o tiro esportivo pode sim ser praticado por menores, desde que respeitados todos os critérios legais.

Com orientação técnica, infraestrutura adequada e participação ativa da família, a modalidade oferece uma experiência esportiva rica, formativa e segura, capaz de contribuir significativamente para o crescimento pessoal e atlético de adolescentes.

Para saber mais sobre menores de idade no tiro esportivo, acesse: 

https://www.cbte.org.br/90861-2/#:~:text=32%2C%20inciso%20II%2C%20estabelece%20que,de%20quatorze%20anos%20de%20idade%E2%80%9D

https://www.camara.leg.br/noticias/1044003-projeto-impoe-novas-regras-para-menores-de-18-anos-praticarem-tiro-desportivo/


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