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Precisão, técnica e superação: o Brasil no tiro esportivo paralímpico

14 MAI 2025

O tiro esportivo adaptado é um dos exemplos mais poderosos de como a técnica e a disciplina podem transformar limitações em desempenho de elite.

Desde sua estreia nas Paralimpíadas de 1976, a modalidade evoluiu como espaço de inclusão, equidade e altíssimo nível competitivo.

Mais do que acertar alvos, os atletas paralímpicos superam barreiras físicas, sociais e emocionais em cada disparo.

Uma trajetória marcada por mudanças e avanços

A modalidade estreou nos Jogos de Toronto, há quase 50 anos, com disputas masculinas e ganhou participação feminina a partir de 1980, em Arnhem.

Durante as décadas seguintes, o programa alternou entre provas mistas, masculinas e femininas, até consolidar o formato atual em Atlanta 1996, com categorias bem definidas.

A evolução das regras e o aumento da diversidade refletem um compromisso crescente com a inclusão e a competitividade.

O Brasil e a construção de uma presença sólida

Apesar de estar presente desde 1976, o Brasil ficou décadas afastado do tiro esportivo paralímpico. O retorno aconteceu em 2008, com Carlos Henrique Procopiak Garletti.

A partir de 2002, o apoio institucional do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) fomentou o surgimento de novos atletas e centros de treinamento. Foi dessa política que emergiram nomes como Alexandre Galgani, que protagonizou a maior conquista brasileira na modalidade.

Em Paris 2024, Galgani dividiu a responsabilidade com Bruno Stov Kiefer e conquistou a primeira medalha paralímpica do Brasil no tiro esportivo: uma prata histórica na prova R5 – carabina de ar 10m misto SH2.

Galgani: técnica sem limites

Aos 18 anos, Alexandre Galgani sofreu uma lesão medular ao mergulhar em uma piscina. Mesmo com limitações severas nos membros superiores, ele encontrou no tiro esportivo uma forma de expressão e propósito.

Competindo na classe SH2 — voltada a atiradores que usam suporte para a arma — Galgani treinou com empenho e criatividade, inclusive em um estande improvisado em casa.

Sua medalha em Paris não foi um acaso, mas o resultado de duas décadas de dedicação, talento e perseverança. Com 254,2 pontos, ficou atrás apenas do francês Tanguy de la Forest e à frente da japonesa Mika Mizuta, marcando um capítulo inédito para o esporte brasileiro.

Regras, classes e equipamentos: como funciona o tiro paralímpico

A modalidade segue os regulamentos da ISSF com adaptações do IPC. As armas usadas são carabinas e pistolas de ar comprimido (4,5 mm nas provas de 10m e 5,6 mm nas provas de 25m e 50m). Os atletas são classificados em duas categorias:

  • SH1: praticantes que conseguem segurar a arma sem auxílio.

  • SH2: atletas que necessitam de suporte para a arma.

As adaptações garantem igualdade de condições e segurança, permitindo que diferentes tipos de deficiência não limitem o desempenho técnico.

Um futuro de mira ajustada

A loja Parceria Armas, de Alegrete (RS), aponta que o desempenho do tiro esportivo do Brasil em Paris 2024 é um divisor de águas.

Com maior visibilidade, mais estrutura e talentos emergindo, o país mostra que pode alcançar posições de destaque também no cenário paralímpico da modalidade.

Mais do que uma conquista esportiva, a prata de Galgani é um símbolo de resiliência e de como o esporte pode reconstruir narrativas e inspirar novos caminhos.

Para saber mais sobre tiro esportivo nas Paralimpíadas, acesse: 

https://cpb.org.br/modalidades/tiro-esportivo/

https://ge.globo.com/paralimpiadas/noticia/2024/09/01/alexandre-galgani-conquista-prata-primeira-medalha-do-brasil-no-tiro-esportivo-em-paralimpiadas.ghtml


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