
A presença dos javaporcos em território nacional tornou-se uma preocupação central para agricultores, ambientalistas e órgãos de fiscalização.
Este animal híbrido, resultado do cruzamento entre javalis europeus e porcos domésticos, espalhou-se pelo Brasil em ritmo acelerado, ameaçando tanto a biodiversidade quanto a economia rural.
Como tudo começou
Nos anos 1990, produtores da Argentina e do Uruguai trouxeram javalis para tentar atender a um mercado de carnes exóticas. A iniciativa não prosperou, e muitos animais escaparam ou foram soltos na natureza.
Ao se cruzarem com porcos domésticos, surgiram os javaporcos: animais maiores, mais resistentes e com reprodução extremamente rápida, o que favoreceu sua dispersão pelo Brasil.
Danos ambientais e sociais
Organizados em bandos, os javaporcos reviram o solo, destroem nascentes, derrubam cercas e arrasam lavouras. Eles já causaram prejuízos que chegam a 30% em culturas como milho, sorgo, trigo, cana e feijão.
Além do impacto direto no campo, esses animais afastam turistas de áreas naturais e contribuem para a disseminação de doenças como a raiva, transmitida por morcegos atraídos por sua presença.
A ausência de predadores naturais e a alta adaptabilidade fizeram com que a espécie ocupasse todos os biomas do Brasil. Em locais como o Parque Nacional da Serra do Cipó, por exemplo, pesquisadores já identificaram graves desequilíbrios ecológicos causados por sua expansão.
Caça autorizada
Em 2013, o Ibama passou a autorizar a caça do javali e do javaporco como forma de controle. São os únicos animais cuja caça é legal no Brasil, já que são classificados como exóticos invasores altamente nocivos.
Para essa prática, é necessário armamento compatível, sendo a espingarda calibre 12 uma das mais utilizadas por sua eficácia contra o couro espesso do animal.
Além das armas, os caçadores recorrem a miras ópticas, armadilhas especializadas e equipamentos de rastreamento. Contudo, especialistas reforçam: caçadas pontuais não resolvem o problema, pois a população desses animais pode crescer até 150% ao ano.
Barreiras e soluções tecnológicas
Muitos produtores vêm optando pelo uso de cercas especiais para reduzir prejuízos. Modelos com fios baixos e trama fechada, ou ainda eletrificados com pulsos de curta duração, ajudam a manter os bandos afastados.
Apesar do investimento inicial elevado, essas barreiras trazem retorno rápido, já que em uma ou duas safras os prejuízos caem consideravelmente.
Regras e responsabilidade social
A criação, o transporte e a comercialização de javaporcos são proibidos em todo o país. O trabalho de combate é realizado por Ibama, ICMBio e polícias ambientais, mas depende também da sociedade. Ao avistar esses animais, a orientação é nunca se aproximar e acionar imediatamente as autoridades competentes.
Uma luta de longo prazo
A loja Parceria Armas, de Alegrete (RS), conclui que o controle dos javaporcos exige planejamento contínuo, união de esforços e medidas integradas.
Caça autorizada, cercas inteligentes, armadilhas e políticas públicas são ferramentas que, quando aplicadas em conjunto, oferecem a chance de reduzir os danos dessa invasão silenciosa que ameaça a agricultura, a biodiversidade e a vida no campo.
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